Receptores são estruturas especializadas, localizadas na superfície ou interior das células, capazes de receber estímulos químicos e iniciar uma resposta celular. São formados de proteína, uma sequência de aminoácidos ligados formando uma fita que se enrola em si mesma formando um emaranhado rígido, com forma definida. Esta estrutura possui uma região chamada de “domínio de ligação”, que é uma parte do receptor onde o ligante (molécula = estímulo químico) se liga (faz uma interação química) e desliga. O tempo que o ligante fica ligado no receptor depende da afinidade entre eles. O ligante pode ser endógeno (uma substância química produzida pelo organismo) como por exemplo neurotransmissores, hormônios e citocinas, ou exógenos (uma substância que não é produzida pelo próprio organismo) como fármacos, suplementos e drogas em geral.
Os receptores estão localizados na superfície celular, mergulhados na membrana plasmática. Servem como um meio de comunicação, recebendo sinais químicos. Estes sinais químicos modificam a forma do receptor, ativando uma resposta na célula.
Os dois tipos de receptores mais comuns em psicofarmacologia são:
1) Receptores localizados em canais iônicos
2) Receptores acoplados à proteína G
O canal iônico, como o nome diz, é um receptor em forma de canal para passagem de íons. No repouso, estes canais encontram-se fechados, e quando o ligante (sinal químico) se liga no sítio de ligação, o canal abre e ocorrer a passagem de íons. Importante: O sítio de ligação é específico para o ligante, assim como o canal é seletivo para determinados íons. Por exemplo: na figura abaixo, está representado o receptor GABAérgico, que é o receptor para o neurotransmissor GABA. Este receptor está em canais iônicos seletivos para o Cl- (íon cloreto) que modifica a atividade elétrica da célula. Assim, quando o GABA se liga no seu sítio, o canal abre e o cloreto entra na célula, e essa entrada de íons modifica a atividade do neurônio. No caso do receptor GABA, a entrada de íons Cl- na célula causa inibição do neurônio, e assim diminui a neurotransmissão.

Figura. Receptor GABAérgico. Note que há um sítio de ligação para o GABA (aminoácido inibitório, neurotransmissor abundante no Sistema Nervoso Central) e outro sítio para ligação dos benzodiazepínicos (BZs), onde o etanol também se liga.Quando um BZ| ou o etanol se ligam neste sítio, causam um aumento na frequência de abertura do canal, potencializando a ação do GABA.
Outros exemplos de receptores em canais iônicos, são os receptores para os neurotransmissores glutamato (excitatório) e acetilcolina (excitatório)
Os receptores acoplados à proteína G possuem uma forma e um mecanismo diferente dos canais iônicos. São formados por uma longa proteína que se enrola nela mesma, com uma porção que fica pra fora da célula, uma parte que fica inserida na membrana, e uma porção na parte interna da célula. Quando o ligante se liga na parte que está do lado de fora da célula, o receptor sofre uma mudança na sua forma, movimentando também a parte que está dentro da célula. Na face interna da membrana, este receptor está acoplado à uma proteína G, um tipo específico que se liga a nucleotídeos de guanina e participam da transmissão do sinal dentro da célula. Quando o receptor muda sua forma, movimenta a proteína G, iniciando o que chamamos de transdução do sinal.

Figura. Representação esquemática de um receptor acoplado à proteína G. A parte do receptor que fica inserida na membrana é conhecida como alças transmembrana.
Exemplos de receptores acoplados à proteína G são aqueles que interagem com neurotransmissores modulatórios, como a serotonina, a noradrenalina e a dopamina, entre outros.
Os ligantes endógenos estimulam os receptores, produzindo mudanças na célula e consequentemente uma resposta celular. Os fármacos agonistas atuam no receptor “imitando” a ação do ligante endógeno. São utilizados para aumentar a atividade daquela substância endógena e assim produzir um efeito no organismo.
O antagonista é aquele fármaco que se liga no receptor, mas não “imita” o ligante, apenas ocupa seu lugar e impede sua ação. O efeito terapêutico do antagonista é resultante da diminuição da ação da substância endógena.
