Cris Mochny

Substâncias psicotrópicas

Substância psicotrópica é todo agente químico que atua sobre o sistema nervoso central, causando alterações temporárias na percepção, humor, estado de consciência e comportamento. Podem ser substâncias de origem sintética (psicofármacos, psicoativos) ou natural (cogumelos, cannabis, opio etc.). Os agentes psicotrópicos são classificados de acordo com a sua eficácia clínica, isto é, o tipo de efeito que causam nos seres humanos: Fármacos utilizados para produzir anestesia cirúrgica. Fármacos que reduzem a ansiedade e causam sono. Os benzodiazepínicos são considerados ansiolíticos clássicos, eficazes no controle de crises de ansiedade. Os fármacos Z são hipnóticos usados no alívio da insônia. Fármacos eficazes no controle da psicose e da mania. São classificados em típicos e atípicos, de acordo com suas características farmacológicas. Fármacos que possuem eficácia no tratamento da depressão. A fluoxetina foi o primeiro fármaco aprovado para uso como antidepressivo (Prozac®), e depois outras moléculas com perfil farmacológico semelhante foram desenvolvidas. Sua ação terapêutica baseia-se na modulação do sistema de neurotransmissão pela serotonina. Fármacos quimicamente relacionados com a morfina, utilizados clinicamente para controle da dor. Também podem ser classificados como hipnoanalgésicos, graças à sua ação sedativa. Substâncias que produzem estado de alerta, euforia e agitação psicomotora. Nesta classe encontram-se substâncias com eficácia terapêutica no TDAH (transtorno do déficit de atenção e hiperatividade) como é o caso do metilfenidato e da lisdexanfetamina. Agentes que causam alterações na percepção e em estados de consciência. São substâncias de uso cultural e ritualístico, com potencial terapêutico que vem sendo estudado como é o caso da psilocibina (presente nos cogumelos “mágicos” do gênero Psilocybe cubensis) e da Ayahuasca (preparação feita por povos originários da Amazônia) Fármacos que melhoram a memória e o desempenho cognitivo em pacientes com demências, como é o caso da doença de Alzheimer.

Substância bioativa

A definição de substância bioativa serve para fins de registro de produto alimentício (suplemento alimentar) junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). A Resolução RDC n. 243/18, define substância bioativa como um nutriente ou não nutriente consumido normalmente como componente de um alimento, que possui ação metabólica ou fisiológica específica no organismo humano. As substâncias bioativas incluem, mas não se limitam a carotenóides, fitoesteróis, flavonóides, fosfolipídeos, organosulfurados e polifenóis. A substância bioativa per se precisa ser componente natural de alimentos que possuem histórico de uso, ou seja, precisa estar presente em alimentos consumidos tradicionalmente na dieta alimentar e ter uma composição conhecida. Essas fontes de origem alimentar necessitam estar identificadas e consideradas na avaliação de exposição da população brasileira à substância bioativa. Um bioativo pode ser obtido de alimentos com histórico de uso ou de novos alimentos e novos ingredientes. Ou seja, também pode ser obtido a partir de alimentos ou substâncias sem histórico de consumo no país, desde que a segurança de uso seja comprovada nos termos das Resoluções Anvisa nº 16 e nº 17/1999. A substância bioativa pode ser obtida de plantas, animais, minerais, microrganismos, fungos, algas ou de forma sintética.(Fonte: ANVISA,2020)copy_of_PerguntaseRespostasSubstnciasbioativas.pdf

Mitocôndria

A mitocôndria é uma organela celular que está no citoplasma das células eucarióticas (aquelas que têm o núcleo bem definido). Tem formato oval e tamanho entre 0,5 µm e 10µm (1 micrômetro = 0,001mm), possui duas membranas: uma externa e outra interna. A membrana interna possui “dobras” (chamadas de cristas) onde ocorrem as reações da respiração celular (aquele transporte de elétrons que resulta na produção de ATP = energia). Assim, a principal função da mitocôndria é gerar grandes quantidades de energia na forma de ATP (Adenosina Tri-Fosfato). Além de produzir energia, a mitocôndria também armazena cálcio (que é importante para vários processos de sinalização celular), produz calor, participa do crescimento e da morte celular. É uma organela de importância vital para a célula!

Efeitos adversos

Efeito adverso, também chamado de efeito colateral, é aquele efeito indesejável de um medicamento. Ocorre porque a distribuição do fármaco (ou substância ativa) atinge todos os sistemas orgânicos, e o fármaco pode interagir com diferentes tecidos. Essa interação indiscriminada é inevitável, e dela surgem os efeitos colaterais, em adição ao efeito terapêutico (desejável). Com o auxílio de um farmacêutico, é possível minimizar os efeitos adversos de um medicamento. É necessário conhecer a substância, seu mecanismo de ação e alguns hábitos do paciente, a fim de se avaliar possíveis interações que podem potencializar os efeitos colaterais.

Receptores

Receptores são estruturas especializadas, localizadas na superfície ou interior das células, capazes de receber estímulos químicos e iniciar uma resposta celular. São formados de proteína, uma sequência de aminoácidos ligados formando uma fita que se enrola em si mesma formando um emaranhado rígido, com forma definida. Esta estrutura possui uma região chamada de “domínio de ligação”, que é uma parte do receptor onde o ligante (molécula = estímulo químico) se liga (faz uma interação química) e desliga. O tempo que o ligante fica ligado no receptor depende da afinidade entre eles. O ligante pode ser endógeno (uma substância química produzida pelo organismo) como por exemplo neurotransmissores, hormônios e citocinas, ou exógenos (uma substância que não é produzida pelo próprio organismo) como fármacos, suplementos e drogas em geral. Os receptores estão localizados na superfície celular, mergulhados na membrana plasmática. Servem como um meio de comunicação, recebendo sinais químicos. Estes sinais químicos modificam a forma do receptor, ativando uma resposta na célula. Os dois tipos de receptores mais comuns em psicofarmacologia são: 1) Receptores localizados em canais iônicos 2) Receptores acoplados à proteína G O canal iônico, como o nome diz, é um receptor em forma de canal para passagem de íons. No repouso, estes canais encontram-se fechados, e quando o ligante (sinal químico) se liga no sítio de ligação, o canal abre e ocorrer a passagem de íons. Importante: O sítio de ligação é específico para o ligante, assim como o canal é seletivo para determinados íons. Por exemplo: na figura abaixo, está representado o receptor GABAérgico, que é o receptor para o neurotransmissor GABA. Este receptor está em canais iônicos seletivos para o Cl- (íon cloreto) que modifica a atividade elétrica da célula. Assim, quando o GABA se liga no seu sítio, o canal abre e o cloreto entra na célula, e essa entrada de íons modifica a atividade do neurônio. No caso do receptor GABA, a entrada de íons Cl- na célula causa inibição do neurônio, e assim diminui a neurotransmissão. Figura. Receptor GABAérgico. Note que há um sítio de ligação para o GABA (aminoácido inibitório, neurotransmissor abundante no Sistema Nervoso Central) e outro sítio para ligação dos benzodiazepínicos (BZs), onde o etanol também se liga.Quando um BZ| ou o etanol se ligam neste sítio, causam um aumento na frequência de abertura do canal, potencializando a ação do GABA. Outros exemplos de receptores em canais iônicos, são os receptores para os neurotransmissores glutamato (excitatório) e acetilcolina (excitatório) Os receptores acoplados à proteína G possuem uma forma e um mecanismo diferente dos canais iônicos. São formados por uma longa proteína que se enrola nela mesma, com uma porção que fica pra fora da célula, uma parte que fica inserida na membrana, e uma porção na parte interna da célula. Quando o ligante se liga na parte que está do lado de fora da célula, o receptor sofre uma mudança na sua forma, movimentando também a parte que está dentro da célula. Na face interna da membrana, este receptor está acoplado à uma proteína G, um tipo específico que se liga a nucleotídeos de guanina e participam da transmissão do sinal dentro da célula. Quando o receptor muda sua forma, movimenta a proteína G, iniciando o que chamamos de transdução do sinal. Figura. Representação esquemática de um receptor acoplado à proteína G. A parte do receptor que fica inserida na membrana é conhecida como alças transmembrana. Exemplos de receptores acoplados à proteína G são aqueles que interagem com neurotransmissores modulatórios, como a serotonina, a noradrenalina e a dopamina, entre outros. Os ligantes endógenos estimulam os receptores, produzindo mudanças na célula e consequentemente uma resposta celular. Os fármacos agonistas atuam no receptor “imitando” a ação do ligante endógeno. São utilizados para aumentar a atividade daquela substância endógena e assim produzir um efeito no organismo. O antagonista é aquele fármaco que se liga no receptor, mas não “imita” o ligante, apenas ocupa seu lugar e impede sua ação. O efeito terapêutico do antagonista é resultante da diminuição da ação da substância endógena.

Hormônio

Por definição, hormônio é toda substância produzida em um local do corpo (glândulas ou células especializadas) e lançada na corrente sanguínea, podendo atuar em qualquer outro local do organismo. São verdadeiros mensageiros químicos, capazes de levar informações a longas distâncias no corpo. Os hormônios são substâncias que afetam diferentes processos biológicos. Existem 3 classes de hormônios: 1) Proteínas e polipeptídeos, incluindo os hormônios secretados pela glândula pituitária (hipófise), pelo pâncreas (insulina e glucagon) e pela glândula paratireoide, além de outros. 2) Esteroides secretados pela glândula adrenal (cortisol e aldosterona), pelos ovários (estrógeno e progesterona), testículos (testosterona) e placenta (estrógeno e progesterona). 3) Derivados do aminoácido tirosina, secretados pela tireoie (tiroxina e triodotiroxina) e pela glândula adrenal (adrenalina e noradrenalina.) Figura. Localização anatômica dos principais locais de produção de hormônios no corpo humano – glândulas e tecidos. (Ilustração adaptada de Guyton, A.C., Hall, J.E. Textbook of Medical Physiology. Elsevier 11th edition, 2006)